sábado, 5 de abril de 2014

Chocolate

Aproveitando o mês da Páscoa, divulgo uma postagem sobre chocolates.

História do cacau e do chocolate: 

           O cacau é originário das regiões tropicais das Américas do Sul e Central.
Os primeiros registros de cultivo são de 600 a.C. pela civilização Olmeca (habitantes do Golfo do México). Não se sabe o que provocou a extinção dessa civilização, porém, supõe-se que a população foi extinta devido à influências ambientais, decorrente de mudanças nos cursos de rios importantes e do assoreamento resultante das práticas de cultivo.
Registros históricos de 400 d.C. mostram que os grãos de cacau eram colhidos pelos maias, na península de Yucatán, no Sul do México. Os maias utilizavam o fruto como oferenda aos deuses, sendo o cacaueiro considerado sagrado e suas sementes tão valiosas que chegavam a ser usadas como moeda. Com o cacau, os maias faziam um líquido escuro que chamavam de xocoatl, geralmente temperado com baunilha e pimenta.
Quando os astecas dominam a civilização maia, a semente começou a ser processada, fermentada, seca, tostada e moída, obtendo-se uma pasta que posteriormente era misturada a água, pimenta e farinha de milho.
Os espanhóis, sob o comando de Fernando Cortez, iniciaram a conquista do México em 1519, notando que os nativos ofereciam a bebida feita de cacau aos deuses. Inicialmente, os espanhóis não apreciaram o chocolate por ser bastante amargo, porém, Cristovão Colombo levou o cacau para a Europa em 1502 d.C, por considerar o elevado valor energético adequado para “sustentar” os trabalhadores.
A princesa Ana Maria Maurícia (da Áustria), apaixona-se pelo chocolate após os espanhóis adicionarem açúcar à bebida amarga. Casada com o rei francês Luís XIII, o chocolate ganhou novos apaixonados na corte francesa e a Academia Francesa de Medicina aprovou oficialmente o uso terapêutico da bebida como tônico e estimulante.
Em 1828, o holandês Conrad Van Houten inventa uma máquina que extrai a manteiga do cacau e a parte restante é transformada num pó, que se dissolvia facilmente na água quente, criando uma bebida saborosa. No entanto, comer chocolate em pedaços só se tornou popular em 1847, quando a primeira barra de chocolate foi produzida em escala comercial pela companhia inglesa J. S. Fry & Sons® (localizada em Bristol).
Quatro anos mais tarde, o suíço Rodolphe Lindt produziu o primeiro chocolate que se derretia realmente na boca pelo processo de “conchagem”. A técnica tem origem no formato do seu protótipo, um recipiente grande feito em formato de concha, dentro do qual os cilindros de granito moem os grãos de cacau até formar uma massa com textura macia e aveludada. Nessa fase, incorpora-se a manteiga de cacau à massa de cacau e a massa é revolvida continuamente, até se transformar-se num líquido espesso e cremoso, desenvolvendo o aroma e o sabor que caracterizam o chocolate.
A cultura cacaueira foi introduzida no Brasil no século XVII pelos portugueses, porém, a primeira fábrica de chocolates do Brasil (Neugebauer®) foi fundada por imigrantes alemães no Rio Grande do Sul apenas em 1891. Em 1970, começa a fabricação brasileira de chocolate diet. 

Os principais derivados do cacau são: 

  • Manteiga de cacau: obtida das sementes do fruto do cacaueiro. É uma massa sólida, de cor branca ou amarelada, e possuindo cor, sabor e aroma de cacau. 
  • Pasta de cacau: produto obtido pela moagem do cacau descascado por processos mecânicos. Deve conter no mínimo 50% de manteiga de cacau. 


Tipos de chocolate:

Chocolate em pó: composto basicamente pela mistura de cacau em pó e açúcar. É muito utilizado para a fabricação de achocolatados em pó, achocolatados com leite para beber e misturas para bolo sabor chocolate.
 

Chocolate ao leite: mistura da pasta de cacau com açúcar e leite, este que pode ser concentrado ou em pó evaporado ou condensado.
 

Chocolate branco: constituído de manteiga de cacau, açúcar, leite e aromatizantes. Como é constituído apenas da manteiga de cacau, não possuindo sementes do cacau, não possui antioxidantes. O chocolate branco deve conter, no mínimo, 20% de manteiga de cacau, 3,5% de gordura do leite, 10,5% de sólidos de leite isentos de gordura e no máximo 55% de açúcar.
 

Chocolate meio amargo: mistura de massa de cacau, pouco açúcar e leite. Deve possuir mais de 50% de cacauEste chocolate apresenta coloração geralmente marrom mais escuro que a do chocolate ao leite.


Chocolate amargo: mistura de massa de cacau, pouco açúcar e pode ser adicionado ou não de leite. Possui mai sue 70% de cacu em sua composição. 
Na semente do cacau, existem flavonoides e quantidades realmente significativas da substância só são encontradas no chocolate amargo.
 

Chocolate dietético: destinado a pessoas que precisam limitar a ingestão de açúcar. Os chocolates dietéticos tendem a ser mais viscosos devido à substituição do açúcar por outros adoçantes (manitol, maltitol, xilitol, frutose e sorbitol), sendo adicionadas mais gorduras do que as versões tradicionais para garantir a palatabilidade.
          Devido à dificuldade de desenvolvimento de aroma característico, que normalmente ocorre na fase de conchagem pela presença da sacarose e lactose no produto, é necessária a adição de aromas de leite e chocolate para compensação.


Chocolates sem lactose: desenvolvidos para aqueles que possuem intolerância à lactose. Estes chocolates são isentos de lactose, por substituição do leite por arroz em pó.



Benefícios para a saúde:

Possuindo em sua composição o triptofano, o consumo de chocolate estimula a produção de serotonina. Este neurotransmissor cerebral é responsável pela sensação de prazer e felicidade e encontra-se com concentrações reduzidas durante o período pré-menstrual das mulheres.
A cafeína e a teobromina, presentes no chocolate, são substâncias estimulantes que aumentam a concentração (as reações visuais e auditivas) e o ritmo cardíaco. No entanto, o chocolate também pode aliviar o estresse e a tristeza porque possui anandamida em sua composição (a anandamida é produzida no cérebro e está relacionada à sensação de bem-estar).
O chocolate também é rico em feniletilamina. Esta substância neurotransmissora recebeu o apelido de “droga do amor” porque acelera a pulsação cardíaca, aumenta a excitação e a capacidade de atenção.
Atualmente, o chocolate é bastante estudado devido ao seu potencial antioxidante. O cacau é rico em flavonoides (antioxidantes que combatem os radicais livres). Os antioxidantes do cacau atuam interagindo com várias reações químicas, inclusive reduzindo a pressão arterial sistêmica e aumentando o HDL-colesterol, e assim, protegendo contra o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Um estudo realizado em animais mostrou que um dos antioxidantes presentes no cacau pode impedir os ratos de ganharem peso corporal.
Porém, a quantidade de flavonóides no chocolate industrializado é dependente da colheita de grãos e condições de processo. Durante a etapa de fermentação são perdidos 70% dos flavonóides devido a importantes reações que ocorrem principalmente pela diminuição do pH, aumento de temperatura e atuação de certas enzimas presentes no fruto. Tais reações são responsáveis pela redução do amargor e da adstringência melhorando assim o desenvolvimento do sabor do chocolate.
Quanto maior o teor de cacau melhor, sendo assim o chocolate branco não fornece benefícios à saúde. O chocolate meio amargo (40% a 55% de cacau) e o chocolate amargo (60 a 85% de cacau) são os mais indicados. No entanto, dois quadradinhos por dia (equivalente a 30g) são suficientes. 

Referências

  • Beckett ST. Fabricación y utilización industrial del chocolate. Zaragoza: Editorial Acribia, S.A., 1994. 432p.
  • Coe MD. Mexico: From the Olmecs to the Aztecs. London: Thames and Hudson 2002: 64, 75-76
  • Dillinger TL, Barriga P, Escárcega S. Food of the gods: cure for humanity? A cultural history of the medicinal and ritual use of chocolate. J Nutr 2000; 130: 2057S-2072S.
  • Dorenkott MR, et al. Oligomeric cocoa procyanidins possess enhanced bioactivity compared to monomeric and polymeric cocoa procyanidins for preventing the development of obesity, insulin resistance, and impaired glucose tolerance during high-fat feeding. J Agric Food Chem 2014; 62(10):2216-27.
  • Richter M, Lannes SCS. Ingredientes usados na indústria de chocolates. Rev Bras Tec Farm 2007;43(3).


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